4 de nov. de 2012

Breve despertar

Despertou lentamente, levando alguém tempo para perceber as coisas ao seu redor, uma a uma. Sentiu, primeiro, a maciez em seu rosto entre os cabelos revoltos que se espalhavam pela superfície. Sim estava na cama. Abriu os olhos devagar, sentindo a pressão nos olhos de um sono bem dormido, viu tudo branco à principio, a medida que seus olhos foram se adaptando ao dia, a luz foi diminuindo e tomando foco. Então viu a fresta da cortina por onde o sol se esgueirava e vinha lhe dar bom dia. 

Começou a sentir cada parte de seu corpo, as pernas embrulhadas no lençol, os braços jogados ao redor da cabeça, e nas costas um único ponto macio que exercia uma leve pressão contra ela. Uma mão estava ali, olhou para o lado e viu: o corpo que ela conhecia toda a geografia, cada detalhe, pinta e movimento, jazia ao seu lado em um sono profundo que só o cansaço podia proporcionar. Neste momento se lembrou da note anterior. 

Uma confusão de braços e pernas em movimentos constantes, a leve pressão de uma pele encostada na outra, o respirar arfado e cheio de desejo. A troca de gemidos e beijos. Enfim na janela o clarear calmo de mais um nascer do sol. Sorrindo para as imagens em sua cabeça, ela se virou, abraçou aquele ser único, sentindo sua pele e sua respiração suave. Fechou os olhos e se deixou dormir novamente.

22 de set. de 2012

Confusão

O que dizer quando se quer expressar todos os sentimentos ao mesmo tempo, mas as palavras começam a fugir? Vontade de dizer tudo sem falar nada, de dizer tudo o que vem a cabeça, defender todas as ideias que surgem, a medida que vão surgindo. O resultado é um monte de nada, muitas palavras confusas, muitos começos, muito mais meios, mas nenhum fim, nenhuma conclusão, nenhuma lógica no meio de assuntos, pensamentos e sentimentos diversos. 

Quase um momento nostálgico. Parece que todos os sentimentos combinaram de invadir sua mente, seu coração, todos ao mesmo tempo. A sua vontade é da mesma forma dúbia, quer se entregar a cada sentimento que aparece, por mais confuso, contraditório, irrealista e ilógico que pareça. Mas também quer afastar todos eles, pedindo que te deixem em paz, que deem um tempo para sua cabeça respirar. 

O que se quer de verdade? O azul do céu, o esverdeado do mar, o cheiro salgado da maresia sentida na areia da praia, ou o cheiro do verde de um campo virgem. Querer ao mesmo tempo a solidão e a companhia chega a ser confuso até para o ser humano que as deseja. Talvez só levantar e sair correndo, entre ruas, pessoas que vão para o trabalho ou para a escola, cores diversas. Talvez somente continuar deitada e esperar. O que? Queria saber.

8 de ago. de 2012

Paz em plena guerra

Em um cenário de guerra, onde não existe um minuto de silêncio, onde sempre há movimento, gritaria, estardalhaço, onde bombas estouram sem nenhum aviso prévio, tiros são lançados de tempos em tempos em alvos aleatórios. Um lugar no qual o peso do ar é tamanho, o fato de estar ali obriga a também lutar, a tomar partido, no qual a pressão se torna tão grande que o próprio ambiente, por mais que aberto, ameaça explodir em fagulhas a qualquer momento. Neste cenário ele caminha. 

Ele caminha demoradamente para o centro do cenário, passo a passo, e a cada um relembrando um momento da sua história. Talvez pensando que pudesse ter sido melhor, ou talvez pensando que não poderia ter sido melhor. Para em um momento, olha para os lados e observa cada pessoa lutando com todas as suas forças por uma causa que considera justa e verdadeira, mas que na verdade não passa de futilidade e busca de autoafirmação. Ele olha para cima, quem sabe em busca de um sinal de paz, mas só vê tiros e fagulhas voando por sobre sua cabeça. Então ele senta. 

Sentado percebe que a aflição das pessoas não passa de medo, medo de não ter ninguém, de não ser aceito, de não alcançar um objetivo, de não ter parte no resultado do fim da guerra, que elas têm esperança de que a guerra vai acabar, mas têm medo de que não acabe. Mas não percebem que essa guerra na verdade esta no interior de cada um, que é justamente o próprio medo de que não acabe que não deixa acabar. Ele olha novamente ao redor, e o que passa pela sua mente é o cenário é o mesmo sempre, e nós fazemos dele o que queremos. 

Sua visão turvou por um momento, não via mais pessoas, só vultos, correndo de um lado pro outro. Fechou os olhos, e resolveu deitar. Ele sentiu o chão frio, sentiu a vibração dos passos em volta, ainda ouvia os barulhos de guerra, mas agora queria acredita que estava em paz, que estava no seu cenário. Ele abriu os olhos, mas agora não viu os tiros e fagulhas voando por cima de si, agora ele viu o céu azul escuro ao fundo do movimento, pela primeira vez notou o quão bonito era aquela cor, e o movimento que via a frente, via estrelas cadentes, rabos de cometas, via um mundo alheio ao mundo que ouvia e sentia.

30 de jun. de 2012

Misterioso mundo de testosterona

Sabem ser carinhosos, românticos, cavalheiros, sabem impressionar, e como sabem conquistar, quando querem fazem de tudo para conseguir te deixar caidinha e completamente apaixonada, são capazes de dar a volta ao mundo, escalar o Everest, buscar os anéis de saturno, fazer um colar de estrelas, e dizer que fez isso só por você. 

Mas quando se tem a oportunidade de observar esse mesmo cara com outra garota você percebe o quanto ela é idiota e o quanto você foi o mesmo, a mesma história se repete. Alguns chegam a tanta cara de pau e usam exatamente as mesmas palavras, sem tirar nem por. E quando não conseguem mais ninguém, às vezes, vem correndo, com o rabo entre as pernas e carinha de cachorro na chuva, fazer mimos e agrados para te ter de volta. 

Não digo que sinto raiva, na verdade acho até engraçado. Dizer que todos são iguais e por isso não quero saber de mais nenhum, seria uma grande mentira minha. Pode ser difícil conviver com eles, se adaptar a forma de agir deles, agem por impulso e direcionados pela segunda cabeça, mas de uma coisa eu tenho certeza, viver sem eles é insuportável, perturbador e sem graça nenhuma.

25 de jun. de 2012

Trecho de Leitura - O Código Da Vinci

“ Sophie continuava calada, mas Langdon percebeu que ela começava a entender melhor o avô. Ironicamente, Langdon havia explicado a mesma coisa em uma aula ainda aquele semestre. “É surpreendente que nos sintamos divididos com relação ao sexo?”, indagou ele aos alunos. “ Nossa herança milenar e nossa própria fisiologia nos dizem que o sexo é natural – um caminho muito seguro pra gratificação espiritual -, mas, mesmo assim, a religião moderna deprecia o sexo, considerando-o vergonhoso, ensinando-nos temer os nossos desejos sexuais como se fossem inspirações demoníacas.”

Langdon resolveu não escandalizar os alunos acrescentando que mais de uma dúzia de sociedades secretas ao redor do mundo – muitas bastante influentes – ainda praticavam ritos sexuais e mantinham as tradições vivas. O personagem de Tom Cruise no filme De olhos bem fechados descobriu isso do pior jeito possível quando se infiltrou em uma reunião particular de membros de uma elite de Manhattan e ali se viu presenciando o Hieros Gamos. Infelizmente, os produtores do filme distorceram a maior parte dos detalhes, mas o principal estava presente – uma sociedade secreta comungando para comemorar a magia da união sexual.

“Professor Langdon?”, um aluno ergueu a mão no fundo da sala, em tom esperançoso, “ está dizendo que em vez de irmos a igreja deveríamos fazer mais sexo?”

Langdon não pode conter uma risada discreta, nem um pouco disposto a morder aquele isca. Pelo que tinha sobre as festinhas de Harward, aquela rapaziada estava transando até de mais. “ Meus caros”, disse, sabendo que pisava em terreno minado, “ talvez deva lhes sugerir uma coisa. Sem ousar defender o sexo antes do casamento, e sem ser tão ingênuo a ponto de achar que todos vocês aqui são uns anjos de candura, vou lhes dar um pequeno conselho sobre suas vidas sexuais.’

Todos os rapazes se inclinaram para ouvindo com toda a atenção.

“Da próxima vez em que se encontrarem a sós com uma mulher, sondem seu próprio coração e vejam se conseguem pensar no sxo como um ato espiritual e místico. Façam um esforço para encontrarem aquela centelha de divindade que os homens só podem obter através da união com o sagrado feminino.”

As mulheres sorriam, cheias de si, concordando.

Os homens trocaram risadinhas silenciosas e piadinhas sem graça.

Langdon deu um suspiro. Os universitários não passavam de garotos.”


O código Da Vinci – Dan Brown

24 de jun. de 2012

Momento final

- Mas... eu te amo!
- Não, você não me ama, Clarice.

Clarice parou de repente de andar, com os olhos cheios d’água, enquanto o via virar as costas, se afastar, queria fazer algo, mas não via o que, queria correr e segurá-lo bem forte para impedir que fosse embora, mas não conseguia, seu corpo todo havia se paralisado, como se tivesse tomado um choque, “você não me ama”, como assim? Essas palavras caíram como um peso tal em cima dela, que mesmo fazendo muito esforço não conseguia mandar ordens a seus músculos, não conseguia nem sequer pensar.

Ele continuava a se afastar, se aproximar da porta, sem nem olhar para trás, Clarice sabia que se ele chegasse a porta e a fechasse seria tarde de mais, a partir desse momento não teria mais chance nenhuma de tentar qualquer coisa. Mas a sua mente estava presa em um ponto: “é claro que eu o amo, como ele não vê? Ou será que não?” Até ali ela tinha certeza que o amava muito, um amor tamanho que não tinha olhos para mais nada, mas algo a incomodava, começava a pensar que talvez não, talvez ele estivesse certo, talvez ela não o amasse.

Mas, se não o amava tudo o que vivera fora mentira, porém ela sentia, se sentia era real, não era? Ou se enganará? Poderia o coração se enganar, fazer com que achasse que amava, mas na verdade não amava? Mas sentia, então o que sentia? Clarice não sabia mais ao certo. Talvez paixão, fascínio por encontrar alguém tão diferente, alguém que lhe ensinasse tanta coisa nova e lhe fizesse tão bem. Talvez conformismo, sendo isto não o merecia, seria ela muito criança para merecer alguém como ele?

Nesta hora um baque a tirou de seu devaneio, era o baque da porta batendo. Olhou em volta na esperança de vê-lo mais uma vez ali, sentado no sofá, ou tomando café, não estava lá. Clarice sabia, ele se foi, talvez para sempre, talvez voltasse, não sabia. Ele a amava, disso sabia, e agora, só disso que sabia. Também sabia que a porta se fechara, e, por causa de seu devaneio, não o vira sair. Agora só ficou com a imagem da porta, se ele olhou para ela antes de sair ou simplesmente saiu sem olhar para trás, Clarice nunca saberá.

19 de jun. de 2012

Delírios de outono

Por que a vida exige que sejamos fortes? Enfrentar tudo de cabeça erguida para que não caia, para que não demonstre fraqueza. Mas é realmente a vida que exige isso? Talvez a vida simplesmente nos de a oportunidade e viver, ela não impõem regras, não coloca obstáculos, ela não se complica ou se facilita, mas nos deixa escolher como queremos viver. Se ela não exige que sejamos fortes então buscamos tanto este status?

O que significa ser forte? Ter coragem? Não chorar? Se superar? Seguir em frente mesmo quando parece impossível? Querer ser mais do que é? Vencer barreiras? Ser forte para mostrar para a sociedade que você esta ali, continua lutando, mostrar que você é diferente das outras pessoas porque é forte, porque persistiu. Então é a sociedade quem determina que temos que ser forte, e não a vida.

Mas qual o problema de ser fraco? O que tem de mais chorar quando não se aguenta mais a pressão dentro de sua cabeça? Qual o problema de mudar de opinião de vez em quando? Nosso corpo é fraco, nosso alimento é fraco, o mundo em que vivemos é fraco e sensível a pequenas alterações de ambiente. Então porque a nossa mente tem que ser forte? E por que a fraqueza é tida como algo ruim e pejorativo?

Talvez a sociedade tenha mudado os conceitos, o que significa ser fraco talvez seja ser forte, e vice-versa. Talvez esses conceitos, simplesmente, não deveriam existir. Pois só existem porque nossa percepção de mundo é dual, composta de opostos. Isto causa a criação dos conceitos bom e ruim, e o fato de colocarmos estes conceitos como adjetivo de coisas especificas. Prefiro pensar que só existem maneiras diferentes de reagir, e não o modo fraco e o forte, o bom e o ruim.


“O problema não é problema, o problema é a atitude com relação ao problema.” Kelly Young.

17 de jun. de 2012

Fim e recomeço


Fim de história, coisa que acontece o tempo todo na vida, estamos sempre em um constante recomeço e entrelaçar de histórias, sempre começando algumas e terminando outras. É difícil quando o fim de uma não é tão agradável, ou não é esperado por nenhum dos lados, um termino por pura e espontânea pressão, ou como gostam de falar por aí, motivos de força maior. 

Mas a vida é uma coisa muito interessante, irônica e cruel ao mesmo tempo, o fim de uma coisa é, ao mesmo tempo, o inicio de outra, o fim de uma fase acompanhado é o inicio de uma fase sozinho, o fim do colegial é o inicio da faculdade, o fim de um texto é o inicio de outro. “O começo e o fim, na circunferência de um circulo, são iguais.” Já dizia Heráclito. Mas o que é vida se não um conjunto de ciclos, intermináveis ciclos. 

E nessa brincadeira de começo e fim, fim e meio, meio e começo, fim e recomeço, o que me resta, o que continua comigo sempre aqui sendo minha fuga e minha inspiração, dos grandes amigos, as palavras, que com elas leio, escrevo, crio, deliro e viajo. E a musica, ah, a musica, coisa maior não existe, tem alma, te compreende e está sempre ao nosso redor, até mesmo no silêncio, só precisamos parar para ouvi-la. 

Amigos, esses, que posso sempre contar, são fieis, já a vida me põe medo, as pessoas põem medo, sim, tenho medo delas. Mas aprendo, a conviver, a reviver, a escolher, a pensar, a persistir, a buscar, a viver. E se me perguntarem se me arrependo direi: não, não me arrependo, pois eu escolhi, e com essa escolha aprendo, cresço, evoluo. E se foi tempo perdido? Também não, o tempo que voe gosta de perder não é tempo perdido. 

Estou pronta para a próxima, para a próxima queda, o próximo começo, o próximo fim, a próxima escolha, a próxima encruzilhada. Posso errar ou acertar, posso não saber o que fazer, mas quer saber? A vida é minha e somente minha, e quero vive-la, cada momento seja lá o que ele signifique, pois só assim viverei de verdade, sem medo de chorar, da tristeza, do próximo passo, sem medo de ser feliz. Estou pronta para a vida.

13 de jun. de 2012

Trecho de leitura - Ponto de Impacto

“ As mão ensangüentadas de Corky seguravam o volante da lancha Crestliner Phanton 2100 enquanto ela saltava velozmente pelo mar. Ele tinha empurrado o acelerador até o limite, tentando atingir a maior velocidade possível. Só depois de deixar o Goya sentiu uma dor lancinante nas perna direita. Olhou para baixo e ficou tonto ao ver sangue jorrando da ferida. 

Apoiando-se no volante, virou para trás, torcendo para que o helicóptero estivesse no seu encalço. Como Tolland e Rachel haviam ficado na passarela não havia sentido esperá-los. Teve que tomar uma decisão instantânea. 

Dividir para conquistar. 

Corky calculou que, se conseguisse fazer com que o helicóptero até bem longe do navio, talvez os amigos pudessem usar o radio para pedir socorro. Infelizmente, olhando para o navio iluminado atrás dele, viu que o Kiowa ainda estava parado sobre o Goya, como se os atacantes estivessem indecisos. 

Andem, seus filhos da mãe! Venham atrás de mim! 

Mas o helicóptero não seguiu. Em vez disso manobrou até a popa do navio, alinhou-se com ele e desceu sobre o convés. Não! Corly olhava, aterrorizado, pensando que deixara Tolland e Rachel para trás indefesos. 

Seria ele, então, quem teria que enviar a mensagem de rádio pedindo ajuda. Tateou pelo painel e achou o rádio. Apertou o botão de ligar. Nada aconteceu. Nenhuma luz se acendeu. Não havia sequer estática. Virou o volume até o Maximo. Nada. Droga! Largou o volume e se ajoelhou, gritando ao sentir uma fisgada na perna. Olhou para o rádio, mas não podia acreditar no que via. O painel de controle tinha sido atingido pelas balas e estava destruído. Havia fios saindo pela frente. Corky ficou sem ação. 

Mas que azar desgraçado... 

Tremendo, levantou-se novamente, pensando no que mais poderia dar errado. A resposta veio do Goya. Olhou para o barco e viu dois soldados armados descerem para o barco. Depois a aeronave decolou novamente, vindo na direção da lancha a toda velocidade. 

O astrofísico ficou arrasado. Dividir para conquistar. Aparentemente não tinha sido o único que tivera aquela ideia brilhante.” 


Ponto de Impacto – Dan Brown

8 de jun. de 2012

Na brisa do amor

Areia clara, passando aos pés descalços uma sensação de maciez, as ondas lambendo a areia quente e provando junto o gosto dos pés que ali passam, provocando sensações opostas, quente e frio. O vento suave passando pelo rosto, espalhando o perfume dos cabelos e balançando-os. O céu, um tom de vermelho meio alaranjado, colocando o sol na cama e dando o beijo de boa noite. Na mão, apertando a mão da pessoa amada, sentindo seu corpo todo por ela, percebendo cada sensação provocada. 

Cada grão de areia em contato com pele, emoção de um beijo. Parece delírio, mas impossível evitar entusiasmo ao estar junto ao amor. Caminhada vai ficando densa, passadas fortes e vibrantes como as batidas do coração, mas o sentimento continua suave, como a brisa do mar. Risos soltos, piadas ao vento, aponta um pássaro no céu, comenta a beleza da quase noite. Um beijo suave impera na grandeza do momento. Beijos repetidos acompanhando os do mar na areia. 

Para o resto da noite? Deixa no ar. Talvez dali cada um siga seu caminho, talvez sigam juntos até a noite acabar. Não importa, só importa o momento, ali estão felizes, e enquanto estão felizes o momento é eterno. A mesma eternidade que o céu parece ter na noite mais linda em que lua não se esconde. O fim ninguém sabe, e para que saber? Basta viver o momento, e neste conta o eterno beijo.



6 de jun. de 2012

Viagem insólita

Dar-se conta de que as coisas mudam, independente do seu querer, para melhor, para pior, existe um equilíbrio entre os dois opostos, talvez um balanceamento de 1 pra 1, ou 1 pra 2, só para manter a reação estável, só para não dizer que foi fácil. Facilidade, uma expressão tão buscada, mas tão difícil de ser encontrada tanto quanto a felicidade, por acaso ou não, são tão parecidas também. Dizem que o que ao que é fácil não se dá o devido valor, mas ao que é difícil se associa o cansaço, o desanimo. 

Contudo, não adianta tentar entender, mudar, ignorar, a vida é assim, coisas acontecem o tempo todo, coisas mudam, outras continuam a mesma coisa, pessoas chegam e trazem alegria, outras se vão deixam saudade, algumas continuam em nossas vidas, talvez até o momento que não possam mais continuar, talvez até que o vento mude de direção, talvez até o fim da vida. A verdade é que não dá para saber quem é passageiro de longa ou curta viagem, somente estão ali, na sua vida, e como o ponto de vista nesta viagem é seu é você o motorista, é você quem diz por onde a condução irá passar, de acordo com essa decisão os passageiros seguem as suas viagens saindo e entrando. 

Não sei se existe alguma forma de mudar o caminho das pessoas que cruzam o seu, não sei se é algo que seja fácil de fazer, provavelmente não, nada que valia a pena é fácil, mas em minha pouca vida vivida já consegui me perder nos conceitos, contextos, fatos, ações e pensamentos, não consigo saber se é possível a existência de uma pessoa que fique em sua vida, ou se simplesmente elas só ficarão enquanto os caminhos forem os mesmos e depois irão ser apenas boas lembranças. 

Se precisamos organizar as coisa por importância eu não conheço a escala ou tabela que indica a regra, se existe algo na vida que tenha mais ou menos importância eu simplesmente não quero saber qual tem mais ou qual tem menos, prefiro acreditar que tudo tem a sua importância, tanto a felicidade quanto a tristeza, tanto o estudo quanto a diversão, tanto o amor quanto o dinheiro, o que define o valor de cada coisa é o que você acredita que te trará felicidade.

3 de jun. de 2012

Trecho de Leitura - Vinte mil léguas submarinas

“- Acredita na existência de polvos gigantescos, senhor? – estranhou Ned. 
- Muita gente já acreditou nisso. 
- Mas não pescadores como eu! 
- Um certo Olãus Magnus chegou a falar de um polvo do comprimento de uma milha, que se assemelhava mais a uma ilha do que a um animal! 
- É exagero. – garantiu o canadense. 
- Para mim é tudo fruto da imaginação. Existem polvos e calamares de grandes tamanhos, e lulas também. Mas nenhum do tamanho de uma baleia. Em alguns museus há polvos que ultrapassam os dois metros. 
- Ainda são pescados nos dias de hoje? – perguntou Ned Land. 
- Pelo menos os marinheiros afirmam vê-los. Mas ocorreu um fato espantoso que não permite negar completamente a existência desses animais. 
- Qual é? – perguntou Ned Land. 
- Em 1861, a nordeste da ilha de Tenerife, a tripulação de um navio avistou um calamar gigantesco. Atiraram os arpões. Sem resultado. Os arpões atravessavam suas carnes moles! O monstro desapareceu no mar. 
- Qual era seu tamanho? – perguntou Ned Land. 
- Não teria seis metros? – interrompeu Conseil. 
- Exatamente. – respondi. 
- A cabeça não possuía oito tentáculos que se agitavam na água como serpentes? 
- Absolutamente correto! 
- Os olhos colocados no alto da cabeça não eram enormes? 
- Sim, Conseil! 
- A boca não possuía um bico terrível? 
- Realmente! 
- Neste caso, aqui está um de seus irmãos! 
Arregalei os olhos, surpreso.” 


Vinte mil léguas submarinas – Julio Verme

28 de mai. de 2012

O amor pela causa

Alguns dizem que a paz no mundo pode ser alcançada com o amor, o amor ao próximo. Mas como se o amor não é simples? O amor é complicado. E muitos não sabem amar, não sabem nem se quer o real significado da palavra amor. Talvez seja o inverso, talvez não seja o ódio que cause as guerras, mas talvez seja o próprio amor, um amor descomunal, exagerado, tão grande que não cabe nas palavras e tem que passar as atitudes, e assim como uma droga se torna uma obseção. 

Ora, o que é o nacionalismo, o patriotismo, se não um amor obsessivo pelo seu país? Uma visão exagerada e fora de foco que o nosso é sempre o melhor, o mais correto, o mais belo. Uma visão de que a nossa a sociedade, a nossa cultura é a mais avançada, que o progresso é um avanço linear e que o nosso país esta na ponta da direita desta linha. Talvez a concepção de certo e errado seja somente uma questão de opinião, de ponto de vista, ou menos, talvez seja apenas o olhar tradicional de uma cultura que tem ela mesma como centro de foco. 

Talvez a solução não seja mais amor, mas sim mais compreensão, mais capacidade de obter outro ponto de vista, capacidade de se colocar no lugar do outro. Não precisa ama-lo, muito menos odia-lo, não é necessário gostar ou concordar com sua perspectiva, mas apenas compreende-la, e entender o porquê daquilo, o motivo pelo qual determinada coisa é feita e entendida como certa, ou errada. 

Não é preciso mais amor, talvez se houver mais amor haverá mais guerra. É preciso mais sabedoria. Talvez uma quebra com conceitos tradicionais, talvez um desapego do sentimento de querer estar sempre certo e não poder mudar de opinião, talvez um tratamento de choque para o medo de mudança. Dizer que o amor ao próximo ao próximo é o remédio para todos os males? Sejamos sinceros, quem aqui morreria pelo “próximo”? Mas uma boa pergunta é: quem ainda é capaz de morrer pela pátria? Ou no Brasil, pelo seu time de futebol. 


“Como é sabido, agente só se bate por uma causa na qual se tem confiança e pela qual se tem amor.” Adolf Hitler.

26 de mai. de 2012

Delírios do coração


Parece um sonho, não da para acreditar que é real, você é tudo o que sonhei, imaginei, criei, e melhor, veio com extras, coisas que não pedi e vieram juntas no pacote só para me deixar mais feliz. Parece que te criei ontem, montei parte por parte, característica por característica, do jeito que eu quis, melhor não poderia ficar. Depois pedi a Afrodite que soprasse vida a um coração feito especialmente para mim. 

Por mais que te conheça há pouco tempo, sei pouco sobre você, mas sei mais poderia saber só neste pouco tempo, parece que te conheço a muito tempo, talvez por encanto, mágica, uma força que não deixa sentir falta de lembranças, simplesmente substitui por planos, imaginação, por mais que seja um futuro incerto, uma tela um branco que pode ser pintada e repintada quantas vezes quiser. 


Para quem aprendeu a não esperar um “príncipe encantado”, a não esperar por um homem que seja tudo o que sempre quis, simplesmente porque pessoas são imperfeitas e alma gêmea é coisa de conto de fadas, encontrar alguém assim é, ou muita sorte, ou muito azar. Difícil acreditar de cara, difícil não desconfiar que tem alguma coisa errada, ou certa de mais, mas mesmo assim você me conquistou, venceu meus escudos e me deixou assim: com medo do futuro, com medo de um futuro que eu não consigo prever.

21 de mai. de 2012

Começo de uma história

E quando eu sossego, quando eu resolvo que não quero mais problemas, não quero mais preocupação, nem outro foco para minha atenção, ai sim, surge alguém que me tira do sério, surge aquela pessoa que consegue juntar todas as qualidades e características que você sempre imaginou, sonhou, e ainda consegue ser melhor que o melhor se seus sonhos. 

No inicio você desconfia, acha que é mais um caçador a procura de uma presa fácil, mas de alguma forma você sente algo diferente, resolve dar uma chance, mas tenta, com todas as forças, não se apaixonar, consegue seguir os planos, porém percebe que, aos poucos, é ele quem domina seus pensamentos, o jeito dele te agrada, estar com ele te faz bem. Então percebe, não conseguiu, está apaixonada. 
Resolve, então, se entregar, ver o que acontece, ser você mesma. O final da história? Desconheço, e por algum motivo não quero conhecer, quero simplesmente deixar o tempo caminhar, os sentimentos fluírem e me levarem para onde quiserem. Vou me arrepender? Não, pois do pior que possa acontecer vou aprender mais alguma coisa, mas se for para me arrepender, prefiro que seja pelo que fiz e nunca pelo que deixei de fazer.

28 de abr. de 2012

Trecho de leitura - O Guarani

“ - Por que me chamas tu Ceci?
O índio sorriu tristemente. 
- Não sabes dizer Cecília? 
Peri pronunciou claramente o nome da moça com todas as silabas; isso era tanto mais admirável quanto a sua língua não conhecia quatro letras, das quais uma era o L. 
- Mas então, disse a menina com alguma curiosidade, se tusabes o meu nome, por que não dizes sempre? 
- Porque Ceci é o nome que Peri tem dentro da alma. 
- Ah! É um nome da tua língua? 
- Sim. 
- O que quer dizer? 
- O que Peri sente. 
- Mas em português? 
- Senhora não deve saber. 
A menina bateu com a ponta do pé no chão e fez um gesto de impaciência. 
D. Antônio passou; Cecília correu ao seu encontro. 
- Meu pai, dizei-me o que significa Ceci nessa língua selvagem que falais. 
- Ceci!... disse o fidalgo procurando lembrar-se. Sim! É um verbo que significa doer, magoar. 
A menina sentiu um remorso; reconheceu sua ingratidão; e lembrando-se do que devia ao selvagem e da maneira por que o tratava, achou-se má, egoísta e cruel. 
- Que doce palavra! Disse ela a seu pai, parece; um canto de pássaro. 
Desde este dia foi boa para Peri; pouco a pouco perdeu o susto; começou a compreender essa alma inculta; viu nele um escravo, depois um amigo fiel e dedica. 
- “Chama-me Ceci, dizia às vezes ao índio sorrindo-se; esse doce nome me lembrará que fui má para ti; e me ensinará a ser boa.” 


O Guarani – José de Alencar

14 de abr. de 2012

Simples devaneio

O que me leva a escrever? Uma pergunta me feita uma vez, em muitas ocasiões, cada resposta era uma resposta diferente, um motivo diferente, mas não é por isso que todas as respostas são falsas, mas também não é por isso que todas as respostas são verdadeiras. Talvez só me tenham feito à pergunta errada. Qual seria a certa? Não tenho certeza. Mas talvez: você o porquê que você escreve? Resposta: não faço a menor ideia. Sim, é possível não fazer ideia do porque se escreve, sobre o que escreve, simplesmente se escreve. 

Tenho hipóteses que podem responder essa pergunta, algumas respondem bem, outras deixam explicações vagas. Hipóteses que podem se tornar teorias pelo simples fato de serem baseadas em argumentos bem fundamentados, mas não quer dizer que seja verdade. Escrevo porque me sinto bem escrever, porque saio de mim e vejo o mundo de outra maneira, porque gosto de ver as letras organizadas em palavras e as mesmas formando frases coerentes e com sentido completo. Coerente? Talvez nem tanto, talvez puros devaneios de uma mente cansada de procurar respostas para as perguntas que não se fazem. 

E já que as minhas frases talvez não tenham coerência por que o texto precisa ter? Um texto feito por junções de frases desconectas (como este) pode ter a capacidade da coerência? Ou ao menos necessita tê-la? A coerência é mero requisito para uma escrita formal, este texto não tem a pretensão de ser formal, nem ao menos informal, só tem a pretensão de ser um texto. Não o julgo capaz nem de ser dotado de sentido. Se não PE um texto formal não tem a necessidade te ter um começo, um meio e um fim, sendo assim talvez caiba a mim, simplesmente, acaba-lo abruptamente.

5 de abr. de 2012

Inevitável reflexão

Porque você não sai da minha cabeça, não adianta, não sai, seus cabelos, macios como a malha mais confortável de se cobrir, da cor do lírio (se é que eu conheço a cor do lírio), seus olhos que ao mesmo tempo que distantes também penetram em mim como que tentando descobrir meus segredos, meus pensamentos, tentando descobrir o “eu” que tento manter seguro lá dentro de mim por simples segurança. Sua voz que seu sotaque da um quê especial, suave, segura, acolhedora. 

Mas não só sua imagem que não sai da minha cabeça, todo o tipo de pensamento referente a você, a ideia de como o destino (se é que há um) traçou nosso encontro, a ideia de ter ao mesmo tempo tão perto e tão distante, as perguntas sem resposta, as que perguntas que não tem resposta imediata, e as que sequer tem resposta: será que vai dar certo? Será que é real? Tenho certeza de que não estou sonhando? Será que é o momento, o instante ou é para sempre? Respostas que só o tempo dirá. 

Mas de uma forma ou de outra a saudade bate, e bate forte, a vontade de te ver, de te ter junto a mim, passar as mãos em seus cabelos, olhar em seus olhos, sentir teu toque, ouvir sua voz dizendo que sentiu minha falta, que me quer, que me ama, te abraçar forte, dizer que te amo. A distância, o tempo, o que são? São meras barreiras momentâneas que o próprio tempo transformara em pó, muros que são escalados aos poucos. O que mais interessa no momento? Não sei, talvez o sentimento, talvez a razão, talvez simplesmente o tato, também o que importa? Quando estou com você: nada importa, tudo importa.

21 de mar. de 2012

Trecho de leitura - Fortaleza Digital

“ Uma noite durante a apresentação do Quebra-nozes na universidade, Susan escreveu para Becker sua primeira mensagem encriptada, usando um código básico. Ele ficou sentado durante todo intervalo refletindo sobre mensagem de 20 letras: 

                  ENH ANL SDQ SD BNMGDBHCN 

Finalmente, pouco antes das luzes se apagarem para a segunda parte, ele compreendeu. Para codificar a mensagem, Susan havia simplesmente substituído cada letra do texto pela letra anterior do alfabeto. Para decifrar o código, tudo que Becker tinha que fazer era trocar cada uma das letras pela seguinte. A virava B, B virava C, e assim por diante. Ele rapidamente fez isso com as outras letras. Nunca imaginou que cinco breves palavras pudessem deixá-lo tão feliz: 

                   FOI BOM TER TE CONHECIDO 

Ele rabiscou rapidamente sua resposta e deu o papel para Susan: 

                         SZLADL ZBGDH 

Susan leu e corou.” 



Fortaleza Digital – Dan Brown

16 de mar. de 2012

A caverna da atualidade.

Achei muito apropriado aos dias de hoje a imagem, uma visão politica e econômica, uma das poucas informações uteis que passam pelo facebook.

A ideia de uma figura presa a uma situação imposta a ela não é de hoje, a Alegoria da Caverna de Platão passa essa ideia, de alguém preso a um sistema, imagino que quem fez essa imagem tenha se inspirado nela, mas ali é acrescentado uma ideia a mais, dizendo que a imagem representa o mundo capitalista, as pessoas penduradas são os pobres, a base da piramide, que de fato quem sustenta o capitalismo, querendo ou não. O gordo sentado pode representar a burguesia que é "alimentada" pelos pobres e alimenta quem esta de fato no poder, mas ao mesmo tempo ele passa a ideia de que o gordo da figura não se da conta de que se alimenta das pessoas penduradas, numa alusão a Alegoria, as sombras feitas no muro é a televisão alimentando o consumismo, e da mesma forma que as pessoas presas na caverna não sabem o que produz as imagens, o gordo na figura não sabe que esta sendo manipulado. De um outro ponto de vista pode-se dizer que são os trabalhadores dos países desenvolvidos que exploram os trabalhadores dos países subdesenvolvidos sem nem se dar conta, como dizia um filósofo francês. Mas o que chamou minha atenção nessa imagem é o quanto a referencia feita ao sistema capitalista é real.

2 de mar. de 2012

Lágrimas de um sobrevivente

Ás vezes a vontade de chorar é maior que muita coisa, mas o choro não tem exatamente uma causa, um motivo, só aparece, talvez como uma forma de escape, talvez uma forma de aliviar as tensões, de não deixar você pirar e fazer alguma coisa que não deveria. Ele vem de muitas formas em momentos diferentes, as vezes vem como um amigo, com a mais pura intenção de se fazer presente e te dizer que você pode contar, desabafar e acreditar. 

Na maioria das vezes vem como uma lembrança, não necessariamente a lembrança de alguma época ou de algum fato que te faça feliz ou triste, mas como uma lembrança de você mesmo, de que você pode e deve confiar, primeiramente, em você, lembrar que acreditar em sim mesmo é a melhor escolha a se fazer, e lembrar, também, que se deve pensar com calma ao planejar as coisas, os planos, as atitudes, o futuro, sempre com calma, pode parecer frieza, mas a melhor maneira de pensar, de traçar planos, é com calma e sendo calculista, levando em consideração todas as ínfimas possibilidades de dar errado. 

Cada lagrima tem um significado diferente, como se o choro tivesse etapas, primeiro o desespero, a ideia de impotência sentida em determinada situação, onde a única solução é deixar o tempo fluir e trazer a oportunidade para os planos funcionarem, depois o consolo, onde você diz para si mesmo que vai conseguir, que vai dar certo, que você pode, tem capacidade. Logo após se transforma na calma que necessita para pensar em cada detalhe de sua estratégia, seus planos. 


“O que é e o que é? Clara e salgada,cabe em um olho e pesa uma tonelada (...) Eu que me julguei forte, eu que me senti, serei eu fraco quando outras dela vir. Se o barato é louco e o processo é lento, no momento, deixa eu caminhar contra o vento.” Racionais Mc’s

24 de fev. de 2012

Trecho de Leitura - A farsa

“ - Já revisou o avião inteiro? – perguntou Marti, de braços cruzados ao lado do piloto. 
- De alto a baixo. Fora o Sr. Palumbo, não tem mais nenhum passageiro a bordo. 
- Impossível. – Marti lançou um olhar acusador para Von Daniken. – Temos provas de que o prisioneiro está a bordo. 
- E que provas são essas? - Perguntou Palumbo. 
- Não faça joguinhos comigo – disse Marti, - sabemos quem o senhor é e para quem trabalha. 
- Sabem mesmo? Então eu acho que posso contar para os senhores. 
- Contar o que? – perguntou Marti. 
- O cara que vocês estão procurando... jogamos ele do avião meia hora atrás, naquelas suas imensas montanhas. Ele disse que sempre tinha sonhado em ver os Alpes. 
Os olhos de Marti se arregalaram. 
- Não... 
- Quem sabe foi isso que travou a turbina. Ou isso ou um ganso. – Palumbo olhou pela janela, balançando a cabeça, divertindo-se. 
Von Daniken puxou Marti de lado. 
- Parece que as nossas informações estavam equivocadas, Herr Justizmimister. Não há nenhum prisioneiro à bordo. 
Marti devolveu seu olhar, lívido de raiva. Uma corrente elétrica varou seu corpo fazendo estremecer os ombros. Com um meneio de cabeça para o passageiro, ele desceu do avião. 

Um único soldado de choque continuava na porta, Von Daniken acenou que descesse. Esperou o soldado desaparecer escada a baixo para tornar a virar para Palumbo. 
- Tenho certeza de que nossos mecânicos vão conseguir concertar sua turbina o quanto antes. Caso o tempo continue ruim e o aeroporto fique fechado, o senhor poderá se hospedar no Hotel Rossli, um pouco mais abaixo nessa mesma rua, e bastante confortável. Queira aceitar as nossas desculpas por qualquer incomodo. 
- Desculpas aceitas. – disse Palumbo. 
- Ah, a propósito – disse Von Daniken, - Eu por acaso encontrei isto aqui no chão. – Chegou mais perto, deixou cair o objeto pequeno e duro na palma da mão do agente da CIA. – Confio no senhor para nos transmitir qualquer informação relevante. 
Palumbo esperou Von Daniken descer da aeronave antes de abrir a mão. 
Em sua palma havia uma unha arrancada e ensaguentada.” 


A Farsa – Christopher Reich

17 de fev. de 2012

Erros e acertos

Escolher, uma pequena atitude que define todo um futuro, não saber o que escolher, atitude que te deixa em estado de quase depressão. Você não sabe o que fazer, não tem certeza qual a escolha tem mais probabilidade de dar certo, qual é mais lógica, não sabe nem se a lógica manda neste contexto, talvez devesse deixar a lógica fora dessa escolha, seguir o que o instinto te diz, mas o instinto não te diz nada, não te da nenhuma pista. 

Já passou por esse momento antes, em varias ocasiões, mas só fez a escolha errada, ou todas fossem erradas e você só chutou uma, mas também sabe que esperar não é bom, deixar o tempo passar e decidir por você também não da certo, na maioria das vezes o tempo opta por nenhuma escolha, e todas as oportunidades passam por você sem nem se quer um aviso prévio, simplesmente cansaram de esperar por sua indecisão. 

E se novamente fizer a escolha errada? E se deixar escapar o melhor que pode acontecer por uma escolha mal feita, ou bem feita, mas de qualquer forma a errada? Se fosse apenas uma escolha entre sim ou não seria mais fácil, sempre optando pelo sim, pois é sempre melhor o “não deu certo” do que o “poderia ter dado certo se”, mas uma escolha entre este ou aquele é muito mais difícil, muito mais complexo, se não der neste poderia ter sido aquele, e se não der naquele poderia ter sido este. 

Acontece que a vida é feita de escolhas, voluntaria ou involuntariamente teremos que fazer de uma forma ou de outra, se for a escolha errada ao menos eu tentei, melhor que simplesmente não escolher e deixar passar. Tentei, vou continuar tentando, errei, posso errar outra vez, posso acertar também, mas só uma maneira de saber, acertando ou errando, eu tentei.

15 de fev. de 2012

Entre espelhos e janelas

Olho para um lado, vejo uma pessoa, refletida em um vidro, com fundo conhecido, uma imagem mais do que conhecida, uma cena que é sempre representada da mesma maneira, muda de vez em quando a roupa que a personagem retratada na imagem está usando, mas sempre o mesmo motivo, o mesmo cenário, os mesmos movimentos, sempre uma cena esperada, se surgir ao inesperado refletido haja susto, uma coisa sobrenatural, nunca vejo nada de novo, sempre o previsível. 

Olho para o outro lado, também através de vidros vejo, mas vejo agora outra cena, e sempre que olho é uma cena diferente que aparece diante de meus olhos, o mesmo cenário, não, a mesma paisagem, pois mesmo sendo a mesma paisagem, o cenário sempre é diferente, cada vez pessoas diferentes, atitudes diferentes, momentos, movimentos, reações, sempre surge o novo, o inesperado, é cativante parar para observar: “o que será que vem agora?” como um filme, uma sucessão de cenas. 

Vejo sempre vidro em volta, mas um vidro reflete uma monotonia e o outro reflete uma constante mudança, mesmo assim ainda são vidros, e eu me encontro aqui, entre esses dois vidros, em uma cena diária, que não necessita de mudança, mas se mudada gera mais mudanças. Encontro-me aqui, talvez em uma situação de escolha, talvez em uma situação de inclusão, escolher através de qual vidro olhar, tentar juntar as duas imagens que estão diante de mim.

11 de fev. de 2012

Por que escrever?

Escrever é uma paixão, um vício, uma terapia, uma fuga, um estilo de vida, um delírio. Não se escrever simplesmente por escrever, se escreve como se tivesse um relacionamento diferente com cada palavra, tratando cada uma de maneira adequada, colocando cada uma no lugar certo e no momento certo. 

Assim como para ler, uma leitura prazerosa, tem-se que degustar as palavras, também para escrever. Tendo cada palavra um gosto diferente, as vezes parecido, mais sempre diferente, de forma que assim como tempero trocado, palavras trocadas fazem uma diferença enorme no paladar. Como preparar um prato, um texto tem de ter a escolha certa das palavras. 

Um vício delirante, justamente por ser uma paixão, um delírio agradável onde cada letra posta no papel de forma a fazer uma palavra é uma viajem, é um prazer de sensações e dimensões diferentes, nunca iguais, proporcionando exclusivo gozo, cujo qual não será sentido novamente, agradável, sufocante, viciante. 

Escrever não é um simples verbo a ser conjugado, é o verbo que merece uma atenção especial, um namorado que sabe muito bem como agradar, provocar, delirar, surpreender, entusiasmar, enlouquecer, sempre de maneira nunca experimentada antes, e te deixando querendo sempre mais.

8 de fev. de 2012

Trecho de leitura - Kaori

“ Foi olhando nos falsos olhas azuis de Felipe que Kaori começou a perceber as sensações que estavam se infiltrando no seu corpo. Sensações inesperadas, que a deixaram por um momento sem ação. 
- O que... está fazendo? – ela murmurou, dando um passo para trás. 
Ele não respondeu. Apenas continuou a olhá-la. 
- Pare... – ela pediu, os joelhos amolecendo, fazendo com que caísse sobre ele. – Pare com isso! 
Felipe vibrava. Era bom vê-la de joelhos. Humilhada. Vencida. Assistiu com satisfação kaori cair devagar, as mãos nervosas apalpando o próprio corpo. Ele a observava, enfeitiçado pelo êxtase estampado no semblante da vampira. Então ela abriu os olhos e o encarou: 
- Você é doente, Felipe... 
Ela não conseguia continuar. O seu corpo se convulsionou, tenso, os seios projetados para cima, as pernas dobradas. Os olhos estavam fechados, e boca carnuda semi-aberta tremia. Ela arfava, mordendo os lábios, contorcendo-se enquanto emitia gemidos baixos. 
- Isso, sinta o sexo invadindo seu corpo. – disse Felipe – Eu poderia torturá-la com dores inimagináveis, mas, para uma vadia como você, isso aqui é bem mais apropriado. 

Kaori não conseguia reagir. Não podia pensar, nem controlar-se, cativa que estava do ardor, do orgasmo que ele lhe impunha. Ela gritava e se contorcia em desespero, sem ter como fugir àquelas sensações. Felipe aproximou-se, olhando com desprezo para o corpo da vampira no chão. 
- Era assim que queria vê-la, Kaori. Gemendo, arfando, louca de prazer... 
Ela conseguiu murmurar: 
- Mas não é por você, Felipe. Vejo imagens de muitos homens, menos a sua. 
- Vaca! – ele gritou. 
Imediatamente o orgasmo transformou-se em dor.” 


Kaori – Giulia Moon

5 de fev. de 2012

Viagem de uma mente jovem

Ser jovem, idade considerada a melhor da vida, quando você é bonito, tem força para fazer o que quiser, a imaginação a flor da pele, todas as portas estão abertas, pode escolher a maneira como quer viver, o caminho que deseja seguir, consegue imaginar o fim cada objetivo, de cada caminho, faz planos para o futuro, desde os mais importantes até os mais bobos e desnecessários. 

A fase em que você se conhece, forma seu caráter, forma o seu pensamento, a linha de raciocínio que, dependendo da estrada e das surpresas da mesma, você irá seguir, ou não, pelo resto da vida. É quando você decide o destino de toda uma vida, e o mais importante, da sua vida, sofre pressões psicológicas para fazer as escolhas certas, ou as escolhas que seus pais e os mais velhos consideram certas. 

E quando você quer aquilo? Quando você não quer ter o futuro que seus pais querem que você tenha, ou não agir da forma que eles querem que você aja? Não porque você quer ir contra o eles, mas você acredita que aquilo não seja tão certo assim, ou que possa haver uma maneira melhor, se a maneira é tão boa porque eles não fizeram? E se fizeram, então eles até onde estão, e se você não quer aquele futuro para você? 

As coisas não são fixas, a língua muda, a cultura muda, a arte muda, a ciência muda, as vezes para melhor, as vezes para pior, uma coisa que depende do contexto e ponto de vista, o mundo se movimenta, existem vários pontos de vistas e varias verdades diferentes. Talvez a mudança seja boa, talvez seja melhor aceitar o diferente, talvez o diferente pode melhorar o que já é, talvez piorar, talvez o melhor futuro seja o imprevisível, talvez a melhor forma de pensar seja a inconseqüente, talvez a melhor de agir seja a loucura, talvez a melhor idade não seja a juventude.

2 de fev. de 2012

Defesa das mães

Depois do último texto publicado em meu humilde blog, “Defesa dos filhos”, me senti na obrigação de fazer um texto onde eu iguale os campos de jogo, não deixando os meus queridos leitores pensarem que sou o tipo rebelde sem causa, neste texto colarei os pontos dos vistas das mães, ao menos os que eu consegui compreender por experiências pessoas, mesmo não sendo mãe, perdoe qualquer deslize, pois é um quesito que estarei em eterno aprendizado. 

Não vou começar com clichês como; “filhos, as mães só querem o seu bem” ou “elas fazem o melhor que podem por nós” esse tipo de argumento esta em todos os lugares que olharmos, e sim, temos consciência disso. Da forma que eu entendo, não há por que nossa mãe não querer o bem para nós, a questão é como ela vê o bem para nós, de certa forma ela já passou pelo que estamos passando e sabe muito bem onde vamos chegar com determinadas ações ou escolhas, de outra forma, vivemos em períodos diferentes e contextos diferentes, de maneira que ela não passou exatamente pelo que estamos passando. 

Tratando do que deixa todo o filho indignado: “você sempre tenta controlar a minha vida!” não vou dizer que não tenta, sim ela tenta, até não poder mais, até descobrir do pior jeito que tem mais jeito, “meu filho cresceu”, mas o por que é simples, a partir do momento em que você foi concebido ela fez milhares planos: como iria cuidar de você, como iria fazer para te manter seguro, te educar, e cada uma com um plano diferente para filhos diferentes. Desde esse momento ela viveu pura e exclusivamente para você, você se tornou a vida dela, então a ideia de perder o controle da sua vida, sugere, por mais que lá no fundo do inconsciente, a perda do controle da própria vida. Você é a vida dela. 

Pode parecer apelativo, por algum tempo assim, mas é coerente e auto-explicativo. Depois que você for embora ela não terá mais um objetivo como mãe, usaria a palavra utilidade, mas seria muito forte. Então apesar de não começar com os clichês citados, acabo sendo forçada a acabar utilizando os mesmos, pois isso fica mais que evidente. 

Da mesma forma termino ambos os textos, uma conversa, e não monólogo, resolve os problemas de informação e comunicação entre os membros da mais intima relação afetiva que existe. Mães, assim como eu, existe outros filhos que entendem o ponto de vista de vocês, não só nesse, mas em outros assuntos também, mas assim como só vocês entenderem o nosso lado não adianta, só nós entendermos o lado de vocês também não adianta, é necessário essa conversa, mas uma vez, não monólogo, a base de compreensão para uma possível relação o mais saudável possível.

1 de fev. de 2012

Defesa dos filhos

Provavelmente tenho algumas leitoras que são mães, e um numero maior de leitores que são filhos, por alguns motivos de reflexões e conversas com amigos, resolvi fazer um texto onde exponho a maneira como os filhos vêem as mães em alguns casos e contextos, lembrem, não estou dizendo que não amamos vocês mães, mas sim como existem coisas que vocês não entendiam e achavam irritantes em suas mães, nós também temos alguns. Já o ponto de vista mãe-filho já esta bem “saturado” de textos sobre o assunto, coloco aqui um que defende à todos nós, filhos.

Vamos começar pelo fato de que as coisas, na teoria ao menos, tendem a mudar, então, leitoras mães, vou contar um segredo, as coisas não funcionam mais como funcionava na sua época, aceitem isso, irá tornar as coisas mais fáceis, darei algumas informações importantes: a internet não é apenas um veiculo de prazer, apensar de também ser, e melhor ainda, ao contrario do que a maioria das mães pensam, nós, adolescentes e jovens do sec. XXI, não a usamos apenas para mero divertimento ou ajuda escolar, a nossa vida esta toda nela, concordo que isso não é lá muito bom, mas é inevitável.

Uma coisa que parece que não fica claro é: os filhos percebem e comentam as contradições que as mães entram ao falar com os filhos. Alem de ser uma coisa irritante por nunca sabermos quando podemos fala determinadas coisas ou não, também parece que vocês pensam que somos completos idiotas, coisas como “eu escuto você e considero o que você diz” seguido no dia posterior por um “quem manda aqui sou eu, e você vai fazer isso porque eu quero” ou “não quero saber sua opinião” é bastante contraditório, não concordam? Em casos mais profundos dizer que sabe que não vamos viver com vocês para sempre, mas, mesmo assim, tentar controlar nossas vidas até dizer chega é contraditório ao estremo.

Importante, jogos e internet não são a causa de baixo rendimento escolar, os melhores alunos das melhores escolas passam o dia inteiro, ou quase inteiro, jogando, chamados por nós de NERD’s, e aproveitando para esclarecer, primeiro: NERD’s não são os que estudam até cansar, são os que tiram as melhores notas sem estudar, segundo: o picatchu é o rato amarelo, e não os outros pokemons. Então se seu filho tem baixo rendimento escolar, não é por causa da internet ou dos jogos, mas sim por que ele não quer saber da escola, logo o não tire os mesmo dos filhos bons alunos por medo de contaminação do vírus que ataca o rendimento escolar, eles possuem bons antivírus.

Entre muitas outras coisas que poderia falar aqui, mas percebendo que este texto já esta ficando grande e cansativo vou terminar com isto: os filhos não vão acordar mais cedo por dormir mais cedo ou vice-versa. Não é a hora que acorda que influência na hora em que vamos dormir, e nem a hora que dormimos que influência na hora em que vamos acordar, mas sim o motivo. Vou explicar: se não houver um motivo que nos convença a acordar cedo poderemos dormir sete horas que iremos acordar meio dia, e mesmo havendo um motivo que nos convença, mesmo indo dormir uma da manhã acordaremos cedo com boa disposição, esclarecendo: levantar da cama, uma hora depois acordar.

A minha parte tentei fazer, expor nosso ponto de vista, mas confesso que se não houver uma conversa, e não monólogo, entre mães e filhos, onde haja exposição de ambos os pontos de vista e entendimento dos mesmos, essa questão nunca será esclarecida.

28 de jan. de 2012

Conto de uma noite

Quarto simples, mas bonito, cama macia, redonda, espelhos na parede e no teto, Luíza quem reparou o quarto, André só reparava que aquele vestido estava muito tempo no corpo dela. Puxou ela para perto de si, beijando a sua boca deliciosa, sentia seu corpo com a mão, cada curva, cada movimento, cada respirar. Ela sentindo as costas dele, colocando a mão por debaixo de sua blusa, resolveu que o lugar dela era no chão. Ajudou André a se livrar dela, deixando seu belo peitoral livre para seu vislumbre. 

Ele passando a mão por cima do vestido, chegou a sua alça, deslizou a mesma deixando o vestido cair, beijou o pescoço, o ombro, já livre da alça. Ela o puxou para mais perto dela, pousou a mão em sua calça, um botão seguido de um zíper, volta a mão para as costas dele. Ele arranca a calça resolvendo o problema o apouco descoberto, passa suas mãos pela cintura dela, sobe pelas costas, encontra um fecho, se livra do sutiã. 

Segura seus seios macios e redondos, sente sua boca arder, passar alguns minutos beijando e chupando aqueles seios, aquele corpo que tanto lhe excitou hoje. Ela coloca a mão dentro da cueca, sente ele, gosta do que sentiu, resolve que o tempo de duração daquela cueca separando eles já esgotou, se livra dela. Ele faz a mesma coisa com a calcinha dela. Sua mão escorrega por entre as pernas dela, se movimenta de maneira a arrancar pequenos gemidos de Luíza. 

Ela deita por cima dele, beijando seu peito, colo, perde algum tempo na próxima caricia, arranca suspiros de André. Ele segura ela e a deita por baixo dele, beija cada parte do corpo de Luíza, explorando, descobrindo. Ela pede. Ele entrega. Movimentos repetidos entre beijos, apertos, arranhões, gemidos, suspiros. Um vai e vem tão intenso de enlouquecer. Convulsões e respiração ofegante denunciam o limite do prazer.

25 de jan. de 2012

Trecho de Leitura - Anjos e Demônios

“ Na praça de São Pedro, Vitória olhava para cima. O helicóptero não passava de um pontinho agora que as luzes dos refletores não o alcançavam mais. Até o barulho dos rotores transformara-se em zumbido distante. Parecia que o mundo inteiro se concentrava no alto, emudecido antecipadamente, os rostos de todos voltados para o céu – todas as pessoas, todas as crenças, todos os corações batendo como se fossem um só.

As emoções de Vitória eram um turbilhão de agonias. Quando o helicóptero desapareceu, ela lembrou do rosto de Robert, afastando-se dentro dele. O que será que ele pensou? Será que não compreendeu?

Em torno da praça, as câmeras de televisão sondavam a escuridão, esperando. Milhares de rostos voltavam-se para o céu, unidos em uma contagem silenciosa. Todos os telões mostravam a mesma cena tranqüila: o céu romano pontilhado de estrelas brilhantes. Vitória sentiu as lágrimas começarem a brotar.

Atrás dela, na escadaria de mármore, 161 cardeais olhavam para cima em silenciosa reverência. Alguns tinham as mãos juntas em oração. A maioria permanecia imóvel, aturdida. Alguns choravam. Os segundos passavam.

Nas casas das pessoas, em bares, escritórios, aeroportos, hospitais do mundo todo, os espíritos se uniam em testemunho universal. Homens e mulheres davam as mãos. Outros seguravam seus filhos. Como se tempo pairasse no limbo, as almas suspensas em uníssono.

Então, cruelmente, os sinos de São Pedro começaram a tocar.
Vitória deixou as lágrimas virem.
E, com o mundo inteiro assistindo, .o tempo se esgotou.”


Anjos e Demônios – Dan Brown

21 de jan. de 2012

Momento Sublime

Ela senta em um canto, um degrau de uma escada qualquer, um canto onde ela consiga simplesmente ficar sozinha com seus pensamentos, onde ela possa ficar triste sem ninguém perguntar o que esta acontecendo, ou o porquê de ela estar daquele jeito, ela só quer ficar triste e deixar o seus sentimentos fluírem para que possa se livrar deles e os deixar ir embora, adoraria um ombro amigo para recostar, apenas um ombro que não perguntasse nada, apenas a abraçasse para saber que tem com quem contar. 

Ele a percebe sozinha, observa ela se sentar em um canto com um rostinho tristonho, percebe por instinto e convivência que tem alguma coisa errada com ela, não sabe se alguém a deixou triste ou se alguma coisa grave aconteceu, não consegue tirar os olhos dela, sente, por alguma razão, que ela necessita de alguém ao seu lado, talvez um abraço, ou só a sua presença ao seu lado, sentia que ele devia ir lá, quem melhor que ele para isso se era ele que a conhecia melhor ali? 

Ele se encaminhou até o canto reservado dela, ficou um tempo parado perto dela imaginando o que deveria dizer para animá-la, não conseguiu pensar em nada já que não sabia o que era, resolveu não perguntar, pois sabia que isso só iria piorar a situação, seja ela qual for, resolveu não dizer nada, sentou ao seu lado, passou a mão em seus cabelos como que comunicando que estava ali e que podia contar com ele, ela o olhou, deitou em seu peito, ele a abraçou, ela deixou as lagrimas rolarem.

20 de jan. de 2012

Politicas afirmativas dos negros.

Políticas afirmativas são ações que possibilitam a inclusão, neste caso, dos negros na sociedade, entre elas a mais discutida e questionada é a política das cotas, que tem como finalidade possibilitar o acesso dos negros ao ensino superior e por consequência a entrada do mesmo no mercado de trabalho.

As cotas foram implantadas por um contexto histórico de abolição da escravatura, um momento em que os negros foram libertos, não eram, de fato, escravos, mas as pessoas ainda os viam como tal, havia ainda o costume de vê-los como pessoas incapacitadas e predestinadas ao trabalho escravo, a idéia que a sociedade havia imposto.

Alem dessa visão que as pessoas tinham deles, havia o fato de não terem estudo o suficiente para conseguirem acesso ao ensino superior, então essa ação temporária se fez necessária, temporária por se pensar que com o tempo, além de o preconceito ser aos poucos abandonado, o acesso dos negros ao ensino básico seria maior e, assim, essa ação se faria desnecessária.

Há quem defenda que a época em que as cotas começam a se fazer desnecessárias já chegou, que hoje essa ação se torna uma exclusão ao invés de inclusão social, e há quem defenda que a mesma ainda se faça necessária, pois ainda existe um preconceito em nossa sociedade, e que o dia que não houver mais a necessidade dessa ação ela simplesmente desaparecerá.

A questão mais importante a ser discutida não é se as ações afirmativas se fazem, ou não, necessárias, mas sim se o preconceito em nossa sociedade ainda se faz presente, e de que forma se faz presente. O mais importante é influenciar as futuras gerações, não com um pensamento de que o governo protege os alvos de preconceito, mas sim de por que estes são alvo de preconceito se, teoricamente, somos todos iguais?

18 de jan. de 2012

A ausência que se faz presente.

Vejo você em todos os lugares, em todos os rostos, em todas as esquinas, em todas as frases, em todas as fotos, em todos os momentos, em todos os comentários, piadas, risadas, vejo seu olhar em todos os olhares, vejo suas mãos em todas as mão, escuto sua voz em cada palavra que ouço, sinto seu cheiro avulsamente na rua, sinto sua pele em cada lembrança, seu gosto, seu toque, seu jeito. 

Por mais que eu tente esquecer, não lembrar se torna cada vez mais impossível, sua lembrança se torna uma presença viva, inconsciente e notável, brigando com cada neorônio meu, cada pensamento, cada músculo, cada molécula e célula de meu corpo, querendo se fazer presente, mesmo não sendo já um presente, querendo ficar quando já devia ter ido. 

O tempo passa, gasto horas pensando, lembrando, sentindo, tentando imaginar o porquê de você não estar ao meu lado neste momento, gasto tempo tentando esquecer, inutilmente, volto a lembrar. Meu cérebro grita com todas as forças: “ pare de perder tempo, seja forte.” Mas meu coração se torna mais audível: “o tempo que você gosta de perder não é tempo perdido.” 

Quero gritar, quero correr, me cansar, esgotar todas as forças que me restam, ocupar todo o tempo livre, só para não ter tempo de pensar em você, até hoje não consigo me acostumar com a sua ausência. Mas no fim, acredito em mim, procuro com todas as forças acreditar que sou capaz, que não vou lembrar mais, que sou forte o suficiente para levantar a cabeça e seguir em frente, tocar a vida, para mais tarde descobrir novamente que sinto sua falta.

17 de jan. de 2012

Trecho de leitura - O Símbolo Perdido

“ - É isso aí – disse um aluno, levantando-se – sei muito bem o que eles fazem dentro desses prédios secretos! Rituais esquisitos à luz de velas, com caixões, forcas e crânios cheios de vinho para beber. Isso, sim, é maluquice.
Langdon correu os olhos pela sala.
- Alguém aqui mais acha que isso é maluquice?
- Sim. – entoaram os alunos em coro.
Langdon deu um suspiro fingido de tristeza.
- Que pena. Se isso é maluquice demais pra vocês, então sei que vocês nunca vão querer entrar para minha seita.
Um silêncio recaiu sobre a sala. A integrante da Associação das Alunas pareceu incomodada.
- O senhor faz parte de uma seita?
Langdon assentiu com a cabeça e baixou a voz até um sussurro conspiratório.
- Não contem para ninguém, mas, no dia em que o deus-sol Rá é venerado pelos pagãos, eu me ajoelho aos pés de um antigo instrumento de tortura e consumo símbolos ritualísticos de sangue e carne.
A turma toda fez uma cara de horrorizada.
Langdon deu de ombros.
- E, se algum de vocês quiser se juntar a mim, vá a capela de Harward no domingo, ajoelhe-se diante da cruz e faça a santa comunhão.
A sala continuou em silêncio.
Langdon deu uma piscadela:
- Abram a mente, meus amigos. Todos nós tememos aquilo que foge à nossa compreensão.”

O Símbolo Perdido – Dan Brown

14 de jan. de 2012

Escolher, difícil ação.

Sou daquelas pessoas que os amigos dizem ser do contra, não por descordar de todos, mas por gostar de coisas a maioria não gosta, claro a maioria das pessoas com as quais eu convivo, faço técnico em química, logo é de esperar que a maioria das pessoas que estudam ali, inclusive eu gostem de química, alguns chegam a pensar pior, só gostamos de química. Não vou mentir, a maioria ali dentro realmente só gostam, ou gostam muito mais, de exatas, já eu, explicação do "contra", sou apaixonada por química, mas é a única exata que gosto, mas sou apaixonada também por sociais e algumas humanas.

Paro para pensar, quando nos formamos a maioria vai fazer algo relacionado a exatas, e muitos já tem escolhido e  certo o que vão fazer, mais uma vez eu do contra, não tenho ideia do que quero fazer. Fico a refletir, por que temos que escolher uma carreira para segui-lá pelo resto da vida? Começando pelo fato de que o resto da vida é muito tempo para fazer uma coisa só, e depois uma só. No meu mundo da imaginação nós podemos fazer quantas quisermos, sem a necessidade de escolher uma área para carreira, até porque o segundo grau não dá base para se escolher uma coisa para o resto da vida, eu por exemplo iria fazer uma faculdade de química, outra de história, sociologia, filosofia, psicologia, literatura, música.... (essa lista não tem fim).
As vezes minha criativa e bem motivada imaginação cria um mundo onde podemos ser cada dia uma coisa diferente, sem o compromisso de ter que escolher, ou pelo menos como se fosse um estágio, sim um estágio em cada área para poder escolher com mais propriedade o que queremos ser, mas voltando aos dias diferentes para quem não entendeu a ideia, ontem fui professora, hoje pediatra, amanhã astróloga, depois enfermeira, escritora, cartomante, papagaio, passarinho, árvore.

Não entendo o motivo dessa pressão que a sociedade faz em cima dos jovens para escolherem, escolher é um verbo tão malicioso, cruel e irritante, faz você tomar uma decisão entre duas coisas, ou mais, sendo que se fosse possível a escolha que você faria seria justamente não escolher, ficaria com tudo, simplesmente porque gosta, porque quer, seria bem mais divertido.

9 de jan. de 2012

Animais de estimação

Interessante até aonde as pessoas vão para ser, ou parecer, diferentes. Dentre muitas coisas hoje resolvi falar de animais de estimação, quase todo mundo tem animal de estimação seja ele qual for, o animal mais comum é o cachorro, não sei qual é a fascinação do ser humano pelo cachorro, dizem ser o melhor amigo do homem, um animal que come, caga, te lambe, e, dependendo do cachorro, balança o rabinho quando um assaltante invade sua casa. Mas a preferência nacional é o cachorro.

Apesar de existir essa preferência nacional, existem outros animais que podem servir como animais de estimação, mas existem pessoas que exageram, só para ser justa vou começar comigo como exemplo e ir aumentando o nível. Eu já tive animais variados, começando por peixinhos de feira, daqueles que morrem em uma semana, já tive um coelho, logo depois uma coelha, que tiveram dois coelhinhos, muito fofinhos, deixaram saudades, depois de um tempo um hamister, bem antes da febre de Rantaro na televisão, este teve um fim deprimente, por fim uma cachorrinha da raça mais aviadada que você imaginar, sim, uma pudo, esta morreu de saudade.

A minha história com animais de estimação é lastimável, mas pessoas com mais sorte que eu gostam de viver perigosamente, já ouvi histórias de pessoas que tem jacaré como animal de estimação, onça pintada, aranhas, lagartos, ratazanas, chinchilas, estas mais de 40, haja paciência Iberê. Ainda estou para ver um ser que vai criar um extraterrestre em casa, como animal de estimação, talvez um anão de jardim, um Hobbit, farei questão de dar o nome de Frôdo, ou um ser mais ousado, que tal um dragão, ou um unicórnio. Cada um com sua mania e suas coleções, cada louco com suas manias, mas não aguentei, tive que registrar.

4 de jan. de 2012

Trecho de leitura - Macunaíma

"O gigante caiu na macarronada fervendo e subiu no ar um cheiro tão forte de couro cozido que mutou todos os ticoticos da cidade e o herói teve uma sapituca. Piatubã se debateu muito e ja estava morre-não-morre. Num esforço gigantesco inda se ergeu no fundo do tacho. Afastou os macarrões que corriam na cara dele, revirou os olhos pro alto, lambeu a bigodeira:
- FALTA QUEIJO exclamou...
E faleceu."

Mario de Andrade - Macunaíma

3 de jan. de 2012

Cada hora uma história

Sua vida está andando bem, você conseguiu colocar em prática a maioria das coisas que planejou, entrou para o curso que queria, esta conseguindo levar e conciliar bem os estudos, amigos, relações amorosas, tudo isso sem que uma area de sua vida afete a outra, lutou e continua lutando com todas as forças para conseguir completar está jornada que escolheu para está fase da vida, mesmo com muitos dizendo que não conseguirá, mesmo com muitos empecilhos, você passar por cima e segue em frente.

Até que em uma determinada hora, local ou até razão, talvez um desgaste emocional, ou mesmo um desgaste físico, talvez um momento de reflexão, ou mesmo vontade de chutar tudo para o alto, chega um momento em que você para, olha em volta, analisa onde está, o que está fazendo e o motivo pelo qual está fazendo, você percebe que se enganou levemente, percebe que não gosta tanto assim do curso escolhido, percebe que nem todos os colegas com que fala são de fato os amigos que imaginou, percebe que sua vida segue um padrão que você nunca desejou e sempre criticou, então você se pergunta: "que droga eu ainda estou fazendo aqui?"

Pensa em mudar, mudar de ares, mudar de companhia, mudar de curso, talvez até mudar de colégio, não, porque não ir mas além, mudar de pensamentos, de objetivos, de escolhas, mudar completamente o rumo da sua vida, ora, acontece, pessoas são pessoas porque mudam de ideia, de opinião. Pensa um pouco mais e quase resolve, desistir, sim, para que continuar? Não é o que seguir, de qualquer forma irá mudar, resolve jogar tudo pela descarga, desistir e tornar tudo inútil.

Então você começa a se lembrar de tudo o que passou até chegar aqui, tudo o que enfrentou, todos que enfrentou, toda a sua luta, seu esforço, simplesmente serão jogados no lixo? Não, existe outra solução, resolve que não desistirá, seguirá o curso até o fim, prosseguirá com a vida que tem, mas se conformará, mudará no momento certo, decide terminar está fase da vida perfeitamente, como planejou, e no momento de mudança de fases, aí sim, então você fará a mudança que deseja, afinal, o que é a vida senão a chance de tentar e experimentar tudo o que vem a cabeça? 

Podemos tudo, mas com responsabilidade e compromisso, cada coisa em sua hora e cada hora sua história, nada fica incompleto, nada fica pelo meio, não se termina uma história no meio, podemos ter muitas no decorrer na vida, cada uma diferente da outra, cada uma mais estranha e encantadora que a outra, porém todas com início, meio e fim.